domingo, 25 de dezembro de 2011

A Face do Anjo Obscuro

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Caminho entre um corredor escuro,
Ouço sons sepulcrais do obscuro;
Observo uma imagem que parece me sondar,
A face de um anjo oculto do meu sonhar.
        *
Súbito ao olhar essa imagem desaparece!
Será um sonho ou realidade? Não é o que parece!
Lentamente caminho em frente
Mas hei que me vejo a cair
E por muito que tento,
Deste abismo não consigo sair.
        *
Mas por uma bruma leve e suave,
Parece me levar a um vale;
E em meio ao meu frenesi,
Meus olhos veem algo carmesim!
Alguém com um vestido de tussor,
E de pleno gesto com furor,
Caio em um chão frio e árido;
E ao vestido, volto-me, a vê-lo ávido!
        *
Vejo que é uma face familiar;
Oculta por sombras,
Mas vejo mesmo em penumbras
Ficando à minha visão a similar,
Ao anjo oculto do meu sonhar!
        *
Parece ser um anjo,
Que atrás das sombras
E das brumas,
Seu rosto encanta!
E esvai-se com um gesto,
O obscuro corredor funesto.
        *
Vejo-me envolto em brisas
E por um segundo estou junto dela;
O que fazes com minha dor que te inspiras?
Pergunto e olho em sua face bela;
Madrigal a silhueta do seu rosto!
A visão que tinha antes era o oposto.
                *
Pergunto o que queres de mim?
Apenas olha-me e estende sua mão;
Avidamente toco em sua mão,
E inda obscura minha alma, talvez possa ser o fim!
Sua mão suave envolve-me junto com sua utópica face,
E a escuridão ante seu rosto, era apenas um disfarce.
        *
Enfim ela me conduz como uma deusa ao Elísio,
Uma fina névoa cobre um jardim;
Parece-me não ser nada fictício,
Ela então toca minha face
E de um gesto sem fim,
Beija-me suave!
E descubro que ela era meu anjo dos sonhos;
Ali ela é uma deusa que procurei na vida
Em longos e obscuros corredores enfadonhos,
Mas encontrei-a ali, na passagem da vida.

 

Wagner Correia
12 de Fevereiro de 2001

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