domingo, 22 de janeiro de 2012

Busca ao Eldorado

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Na ida em busca do Eldorado
Encontrei-me desolado,
Um pouco distante
Neste sonho inconstante,
Falhando nas consistências
Entre as coexistências;
*
Porque é difícil viver
E ainda mais compreender,
O do por que permanecer,
Coexistir e ainda crer,
Nessa busca do vale encantado?
Sentindo-se ainda determinado
*
Viver além da realidade,
É desejar a finalidade
Dessa conquista triunfante,
Não para o errante,
Desse tão procurado
Insólito Eldorado;
*
O Eldorado mascarado,
O sonho inacabado,
O coração imaculado
Alguém enganado,
O amor tão sonhado
O otimista desacreditado;
*
Totalmente desolado,
Mas ainda impulsionado
Pelo amor malogrado,
Mesmo ainda obstinado
Pelo sonho imaculado
Do sonhado Eldorado;
*
Uma busca sem fim,
Um crepúsculo de marfim,
Tantos ais mais de mim;
Em meu sangue carmesim,
Devem escorrer no marfim?
Quando terá um fim?

 

Wagner Correia
10 de Fevereiro de 2002

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

A esperança fria em minha noite

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De noite no frio ártico
Envolto em estrelas,
Está meu coração apático
Na esperança de compreendê-las,
Contentando com mais uma noite platônica,
Em minha quietude nirvânica
*
Olhar, observar, desejar.
Querer, poder, almejar,
Apenas olhe! Não toque!
Mesmo que o querer o enforque;
Assim diz a timidez,
Tomando-me de uma só vez;
*
O frio nutre minha esperança,
Sarcástica sendo na temperança,
A bela jovem a me aquecer
E por minutos, a dor, esquecer;
Mas a melodia já não me agrada
E o medo retoma sua morada;
*
O tempo passa, o frio amordaça,
A Lua transpassa, a solidão abraça;
O coração pulsa, o frio se expulsa,
A dor pulsa, ao anjo em repulsa;
Ao céu da noite vou clamando,
No véu taciturno que vai velando,
*
Em resposta... O silêncio platônico
O anjo com seu dizer irônico:
Alimento o seu querer!
Desejo o seu silêncio romper!
Mas não diz por onde começar,
Deixando-me com o medo de falhar;
*
Esperando a noite acabar,
E outro dia monótono começar,
Ficando somente uma lembrança:
A noite fria de esperança!
Preso atrás da parede transparente:
Vejo o eldorado em minha frente!

 

Wagner Correia
18 de maio de 2002

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Canto para Rita

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Meu amor imortal
Do poder surreal,
Invoco a ti
Meu louvor em si,
Mesmo tão longe de ti
Sinto-me tão perto, tão real.
        *
Que me faz criar ramificações,
No meu ser, transformações,
Nos nossos petrificados corações,
Anulando as imensidões
Do mal que atormentava,
E seu amor que esperava.
        *
Hoje, conquistar-te-ei!
Querer-te-ei!
E dar-te-ei beijos,
Em forma de cortejos,
Ao qual tanto almejo,
Do ávido e lúbrico beijo.
        *
Suplico em minhas teimosias
(imaginando seus fios de ouro),
Sem mais aleivosias
(imaginando a ti, meu tesouro);
Não deixe o hedonismo dominar,
E meu alento, abulia se transformar.
        *
Onde amo em pensamento,
Que devo propalar
O amor que sinto,
Do meu vôo infindo,
Na ânsia de achar
E a ti entronizar.
        *
Qual mundo amo?
Cada vez mais te gamo,
Mesmo só de olhar;
Fico a me questionar:
Meu sonhar te alcançará?
Meu amar te enaltecerá?
        *
Só de pensar,
Mesmo platonicamente,
Mesmo imensuravelmente,
Poderei isso suportar,
Pois meu amor é real
Pois meu amor é surreal.
        *
É imensuravelmente imortal;
Rita e Beatriz, Dinamene e Laura,
Meus amores e de Dante, de Camões e Petrarca;
Amor além da vida, madrigal,
Romperam o ser e estar;
Não vivi estes amores, mas sei o que é amar!
Compor como eles, um dia comporei,
E destes amores, um dia entenderei.

 

Wagner Correia
30 de Julho de 2001

Chuva

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Chove...
Na minha mente confinada pela abulia,
Chove...
Em meu sonho infantil de fantasia,
Chove...
Na apostasia inerte na razão,
Chove...
Na busca de algo para o coração,
Chove...
Nas minhas poesias de quinta categoria,
Chove...
Na vida inerente a dor com histeria,
Chove...
No âmago do meu eu,
Chove...
Naquilo que se perdeu;
*
Uma chuva imunda,
Uma chuva desnuda,
De água infecta pelo mau agouro,
De cima do prédio no topo
*
Ainda chove...
Ainda move...
Ainda promove...
*
Minha pútrida esperança,
Nojenta e sem temperança,
De que isso acabe,
De que isso exale
O cheiro do perfume inefável
Do meu descanso infindável;
*
Solidão duradoura transitória,
Podridão acolhedora aleatória,
Infelicidade notória,
O dilúvio da vitória;
*
O corvo que voa sem destino,
O corpo que ecoa sem sentido
Na caverna da solidão
O corpo a prisão,
A alma a imensidão,
O corvo que disse nunca mais
Do porto das brumas casuais
Das almas expurgadas
De suas esperanças apagadas,
*
Mas ainda chove...
Na minha alma chove...
E minha dor sobe...
Para onde as preces servem
De punição aos que não merecem;
*
Chove...
Caminho na chuva,
Chove...
Ilumina a bruma,
Chove...
Oh dor profunda!
Chove...
Cesse! Por favor, dilúvio!
Chove...
Ah! Sou o corvo,
Chove...
Sem meu corpo,
Chove...
Que disse nunca mais,
Chove...
Quando poderei amar?
Chove...
Dizia: “Nunca mais”!
Chove...
Preciso ao menos comer,
Chove...
Para sobreviver,
Chove...
Comida podre não quero mais,
Chove...
Nunca mais,
Chove...
Estou afogando,
Chove...
A vida esta passando,
Chove...
Minha dor aumentando,
Chove...
Desista!
Chove...
Deuses acabem com isso,
Chove...
Estou cansado disso,
Chove...
Abulia que me guia,
Chove...
E me faz cantar a elegia;
*
Mas chove...
E tu choves...
E choverás...
E tu morrerás...
Chove...
Tu Choves...
Morre...
Tu Morres!
Não chove mais!
Pois morte aqui trás
De um sonhador barato,
Que aqui jaz...

 

Wagner Correia
23 de Novembro de 200

Desejo Mórbido

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Lua cheia cobre-me como véu,
E meu ódio edifica-se até o céu.
Inolvidável prazer obscurecido,
Do amor mórbido reaparecido.
Prurido do prazer na vulva infecta,
Objeto da carne com a língua se detecta.
*
Pobres mortais pela carne escravizados,
Na vaidade sendo ópios obstinados,
O poder sepulcral que dominam na disputa,
Em suas mentes inerentes na carne de uma puta,
Em que fazem guarida das frustrações numa vulva;
*
Uma bela dama da qual teu belo corpo desejo,
Tua silhueta e teu sangue, almejo,
Usar-te-ia somente como apetrecho,
Sentir o ventre adentro, enquanto olha-me com horror,
E rasgar-te, ver teu sangue rubro escorrer em tua dor;
*
Sejas seduzida mais uma noite, no calor dos seus hormônios,
Sejas uma vítima sem cérebro, induzida pelos vários pseudônimos,
Estereótipos medíocres, mas que vulgares se atraem,
Em tuas realidades cheias de máculas que se esvaem.
*
Enojem-se de mim seres inferiores,
Mesmo que de atroz seja meu ato,
Os meus atos diante de tuas vidas ainda são superiores,
Mas tuas tristes mentes fogem ao fato
De que os próprios mortais ainda são os destruidores;
*
Vivam no medo de ir ao inferno,
Vivam no engodo de ir ao céu
E alcançarem o paraíso eterno,
E a dor da ilusão cobrir como um véu.
*
Mortais descartáveis, os uso,
Faço o que quero e depois fora os jogo,
Somente quem merece sou obtuso.
E no ódio em que punirei faço julgo
Mortais de grande espírito pouparei,
Morram lutando de pé, pois se ajoelhados, pisarei!
*

 

Wagner Correia
14 de março de 2001

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Carta de amor de um Plebeu à Condessa

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                    I

Condessa de amor sem fim,
Fazes o coração
Parecer um oásis em mim,
No deserto da solidão;
        *
Minha amada imortal,
Do meu amor surreal;
Corresponda ao amor imenso,
Anulando o sofrimento intenso;
        *
Condessa, desejo teu beijo
E se não agradas o cortejo,
Permita ao menos sonhar
E para sempre te amar.
        *
Tantos sonhos já tive,
Tantos mundos já estive;
Mas nada como esse amor inefável
À condessa em meu oásis infindável.

                     II

O destino fez te conhecer ali
Apaixonando-me quando te vi,
E fez nos olhos teus ver,
Meu amor por ti, que teu deve ser.
        *
Não sou nenhum conde
Nem tenho títulos de nobreza,
Mas se o espírito for à fonte
Iguala-se ao teu título de Condessa.
        *
És bela como uma Fada,
E dança no oásis em meio ao nada;
Dentro do meu coração,
Irradiante de tanta paixão.
        *
Sei que talvez ame outro,
Mas será que ele merece teu ouro?
Amor de ouro que em meu ser rutila
Resplandece a escuridão e a esperança ilumina.
        *
Ninguém te amará como eu,
Mesmo sendo uma Condessa, e eu, um plebeu;
Dai-me uma chance de te amar
E por ti sempre irei sonhar...

 

Wagner Correia
15 de Abril de 2001

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

O Porto de Naus em mim

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Em um porto de Naus velhas,
parado estou a olhar,
um mar cheio de brumas
e um porto velho,
a solidão e o belo,
em minha mente aterrisadas...
        *
Olho como um passado,
uma Nau com um elo,
um pensamento no ar pairado,
um passado singelo,
sombras distantes,
sonhos conflitantes,
em desilusões infrigidas...
        *
Sou como uma destas naus,
velhas, sujas e amaldiçoadas,
cheias de calhaus,
mas outrora abençoadas,
velozes e privilegiadas,
fortes e potentes,
sem serem indulgentes
em brisas induzidas...
        *
Hoje não estão mais,
abandonadas em seus canais,
estão a envelhecer,
pela dor até o morrer,
foi-se toda a tripulação,
dissipada pela solidão,
em brumas doloridas...
        *
Esta Nau apenas precisa,
o que todo homem necessita:
Mastro e vela,
uma Deusa bela,
ornada na proa
para que ele emproa,
em jornadas seduzidas...
        *
Assim ventos soprarão,
velas ao mar,
impulsionando na imensidão
Nau a navegar,
e o destino a cultivar,
a jornada do capitão.
em aventuras como brisas...
        *
Passada a bruma,
prurido que se esvai,
logo o mar perfuma,
então esbravejai,
na proa esta a Deusa,
talhada como minha musa,
em madeiras lapidadas...
        *
Navegarei os sete mares,
sem temer as tempestades,
pois em minha proa tem,
aquilo que o mal retém,
o busto da Deusa,
talhada em sua beleza,
em ondas ornamentadas...
        *
As ondas a beijam,
como suave disfarce,
pensamentos a desejam,
sentir esta face,
como suave fantasia,
desfazendo a apostasia,
em anátemas esquecidas...
        *
Em endechas não navegarei,
Apenas trovas escreverei,
para esta terra encontrar,
nos confins do além-mar,
na infinita escuridão,
encontrar-me na imensidão,
em verdades incriadas...

Wagner Correia
9 de Janeiro de 2012

domingo, 8 de janeiro de 2012

Caminhando ao vento que sopra

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Caminhando ao vento que sopra,
Contemplando a mais bela obra
Noite escura o mar revolto,
Visão turva o mar envolto;
*
Onde ondas batem em rocha escura,
E Vaga-lumes saem de uma fissura,
Ilumina a encosta vazia
E anula uma face de apatia;
*
Os vaga-lumes cintilam apostasias
E sob as nuvens escuras,
Tornam-se ternuras;
*
A mente visualiza alegorias,
Uma luz do pensar enfadonho
E mais um canto de elegia.


Wagner Correia
23 de Novembro de 2001

Cruzada no Mar

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Na proa de uma nau,
Na vasta espera do sinal;
Observo o levar das ondas,
Fito o ofuscar das sombras,
Na Cruzada dessa nau.
        *
Ignoto meu desejo ao mar!
De só querer alguém a amar;
Nesse devaneio de desejos,
As ondas dos seus cabelos;
Como o vento soprando o mar!
        *
Fito o horizonte além da visão,
Para que esse silêncio no olhar
Acalme a tempestade do coração;
Nessa Cruzada em meio ao mar,
Do seu amor, minha desilusão.

 

Wagner Correia
25 de abril de 2001

Um Plebeu

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Sei que não sou o único em sua vida
Mas não é isso que me intriga
E sim que sou um pobre plebeu,
Que busca a felicidade que se perdeu.
*
Vejo tantos nobres que disputam sua mão,
Mas é o que custa sonhar com o coração.
Sonhar de um infeliz e simples plebeu,
Poderia eu sonhar com o amor que desapareceu?
*
Cada instante que ouço sua voz bela,
Sinto-me envolto na mais plena realeza;
Mas o que eu posso esperar dela?
Uma Deusa tão refinada de beleza!
*
Um plebeu disputando o amor da princesa;
Ah, tudo parecem contos de fantasias!
Mas em mim tudo são apostasias;
Um plebeu e seu passado de tristeza.
*
Minha vida exterior pode ser de um plebeu,
Mas em  meu interior falta a simplicidade,
Possui força, mas o poder se excedeu,
E agora no exterior quer mostrar felicidade.
*
Fico infeliz em não poder ainda te ver,
Mais ainda em não poder te ter.
Não sei porque ainda tenho esperanças,
Nem sei se tenho mais lembranças.
*
Lembranças de um dia ter sido feliz em vida
Não me recordo, não consigo pensar em mais nada
Apenas nesta Deusa, mas não acredito em Fada!
E sim nesta princesa da fantasia, com amor seduzida.
*
Não quero perder-te jamais,
Mesmo que muitos lutem mais,
Estarei sempre ali te querendo,
E por sonhar, te amando.

Wagner Correia
29 de Janeiro de 2001

sábado, 7 de janeiro de 2012

De cima de um prédio

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Observo até o limite da visão,
...em cima de um prédio, no topo...

Entre meus dedos tenho uma rosa,
vermelha, rubra da cor do meu sangue,
que escorre por entre os dedos.
Um espinho furou-me,
e transpassou-me,
dói muito, mas não por fora,
o corte é pequeno não aparenta nada,
súbito sobe-me uma raiva,
induz-me a jogar a rosa,

...de cima do prédio, no topo...

Quase não há vento,
então posso observar atento,
a rosa a cair,

...de cima do prédio, do topo...

Uma gota de sangue a cair,
junto a rosa quando a jogo,
o sangue a cair,

...de cima do prédio, do topo...

a rosa a cair,
em um devaneio sem fim.
o sangue a cair, a rosa cair,
minha vida a Cair, a Dor a emergir,
observo a rosa cair,
cada vez mais longe,
distante, e o sangue escorre.
Ainda a vejo cair,
sem ao meu olhar fugir,

...de cima do prédio, de um topo...

existem pessoas abaixo,
em direção a elas,
...a rosa a cair,
no mesmo tempo em que
meu coração bate,
a rosa por fim cai,
e alguém assiste de longe,
a queda da rosa,

...de cima do prédio, do topo...

uma dama pega a rosa,
sente seu perfume inebriante,
e olha para cima,

...para cima o prédio, o topo...

ao longe me olha,
em um gesto, convida-me a devolver
a rosa que caiu,
ainda posso ver mesmo ao longe,
a rosa e a mulher,
e rutilantes raios de luzes entre ambas,
a rosa que caiu e a dama que sorriu,
desenhando em mim o amor inda,
permanecido pela esperança ainda.
Talvez pegue a rosa de volta,
talvez a cheire novamente,
mas meu sangue escorreu,
caiu e ninguém percebeu,
esvaiu-se no ar.
Precisa sacrificar,
derramar sangue,
para anular este fadário.
Irei, para a rosa pegar,
a rosa que caiu,

...de cima de um prédio, do topo...

e convidar a dama,
de um gesto tão generoso,
a comigo apreciar,
o horizonte até o limite da visão,
e talvez me animar,

...de cima de um prédio, no topo...

e ter em minhas mãos,
a rosa,
e também entre minhas mãos,
outra mão,
de pele lisa igual à seda
e ali ficar,
observar,
e a solidão
a jogar,

...de cima de um prédio, do topo...

para onde ninguém possa alcançar.

Wagner Correia
7 de fevereiro de 2001

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

O Lorde do amor inefável


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Todas as noites eu observava,
Não a lua em si que encantava
Apenas um senhor vestido como um lorde;
Ao menos aparentava alguém rico e de sorte!
        *
Todas as noites com um ritual infindável
Sentava-se com um perfume inefável;
Roupas sempre de décadas passadas
Talvez por trazer lembranças afastadas.
        *
Todos riam do senhor por seu traje
Sempre vestido com seu belo fraque;
Mas tinha sempre um bom humor,
Sempre falava muito sobre amor.
        *
Diziam que ficou louco de repente,
Devido o grande amor estar ausente;
Muitos anos atrás tivera um grande amor,
Alguém com uma pele que parecia de tussor;
Mas algo trágico aconteceu e seu amor desapareceu...
        *
Uma vez sentei-me ao seu lado
Para entender o seu fardo;
Disse-me que sentava na mesma hora ali, sempre,
Tentando falar com sua amada com a mente;
Sempre vieram ver a lua ali, até que ela faleceu...
        *
Subitamente sua utópica vida mudou,
Um caminho de solidão se consolidou;
E para se lembrar da sua amada,
Vinha ali tentar ouvir a Dança da Fada;
Dizia-me que sua mulher se tornou uma Fada...
        *
Seu amor era tamanho e inebriante
Que acabava sendo contagiante,
Ele sonhava em um dia naquele lugar
Ela voltar, e com ele o Ballet da Fada dançar...
E juntos, em seu melhor traje, voar,
Para a terra do nunca, e nunca mais voltar...

Wagner Correia
15 de janeiro de 2001

Chuva Seca

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Ando sozinho vago pela terra,
Nada conforta meu coração
Nem mesmo minha quimera;
Nesse devaneio sem fim,
Nesse escárnio da vida em mim,
Nada conforta a imensidão;
Alimenta-se de forma sutil,
Do meu sonho infantil.
        *
Amor imortal que mata o meu ser,
Saia de mim, deixe-me viver!
Mesmo que venha a sofrer...
...só quero andar sem parar,
...Sem rumo, sem lugar ou fim.
        *
Destino, guia-me e indica-me
O caminho do qual seguir,
E dizei-me o seguinte porvir
Do que fazerdes no fim;
Nessa caminhada de ilusões,
Nesse comboio de desilusões,
Na cruzada no abismo de vastidão,
Imensidão, precipício de sonhos.
        *
Na ponta do precipício estou a olhar,
Nos sonhos estou a me jogar;
Nesta última esperança intrínseca,
Inerente ao meu infeliz sonhar;
Nessa chuva fria e seca,
Que faz o horto de sonhos regar.
        *
Essas linhas não dizem nada,
Esse fraseado ilusório não representa nada,
Este sonho por esta busca,
Essa Deusa que me persegue
Nos meus sonhos de noite,
Não diz nada só está à atormentar.
        *
Parem! Eu vos imploro, deixe-me viver sem isso;
Se é que isto é viver...
Apenas me deixem em paz!
O que querem dizer através de sonhos?
Em ilusões belas ou pesadelos enfadonhos?
Até em meu lar vêem à assombrar;
Deixem-me só, como nasci, como vivi,
Como sofri, como senti em mim...
Se é que isto é querer...
                *
Na linhagem que termina,
Nesse ódio que fulmina,
Nessa tempestade de chuva seca;
Chuva de agulhas em meu peito,
Desafiando o meu preito
E que a minha única defesa
Tenho as palavras por escrever,
Onde exponho o que sinto,
E ninguém entende!
Só comenta e não compreende.

Wagner Correia
23 de abril de 2001

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

O Esquecimento do Mundo

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Onde está o salvador?
Em estado de torpor?
Dormindo em tecidos de tussor?
Justos esbravejam com furor?
Ou ao som de gemidos de dor?
Gritos de esperanças de amor?
*
Dogmas ensinam!
Em esperança viver;
Doutrinas procriam!
Na hipocrisia do ser;
Homens incitam!
No questionar reter.
*
Pessoas destroem
Os sonhos dos justos,
Ao custo que constroem
O egoísmo dos injustos,
Nem de perto condoem
O coração de muitos.
*
Quantos mais devem morrer?
Quantos mais devem sofrer?
Quanto mais a ignorância
Pode o fraco corromper?
Quanto mais a insignificância
Pode ao amor distorcer?
*
A carne escraviza,
A paixão banaliza,
O EGO enfatiza;
A compaixão individualiza,
Ao sofrimento que martiriza,
O sofrer que o Dogma preconiza.
*
Milênios não há de bastar
Para o salvador acordar?
Do sono profundo,
Do esquecimento do mundo,
Para então o Apocalipse chegar
E o egoísmo e a ganância erradicar.
*                   
Enquanto isso só nos resta esperar,
Ate lá nossa luta não pode cessar,
Para assim os antigos lutarem
E seus nomes esbravejarem,
Aos covardes mortais,
Que não perderemos jamais!

 Wagner Correia
10 de setembro de 2001

Lobo Insano

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Farejando teu néctar profano
Como um lobo insano
De desejo mundano,
Da carne fresca necessitando;
De noite, caçando a alma do puritano.

Lobo da noite profana,
Com seu uivo declama,
O cheiro que me inflama;
Farejando seu desejo,
Como forma de cortejo.

Querendo seu beijo,
Algo que tanto almejo;
Mesclando o profano,
Ao desejo humano;
Do sentir soberano.

Seu cheiro lúbrico
Induz-me ao pútrido;
No instinto animal
De um Lobo abissal;
Nesta noite madrigal.

Avidez pérfida da veleidade,
Anátemas da imortalidade,
Apostasia no amor de verdade;
Procuro-te à noite mundana,
Na noite da bruma profana.


Wagner Correia
18 de maio de 2001

domingo, 1 de janeiro de 2012

Estátua Inalcançável

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Tantas dores, senão no sofrer!
Das guaridas dos eloqüentes,
Os gananciosos descontentes,
Exasperados! Senão no viver!
        *
Fizeram-me mausoléus de dores;
Estátua de pedra fria,
O estóico bardo de elegia,
Talhando pedras em meus amores.
        *
Esperar o que da Fortuna, senão a dor,
Essa vida nada tem, nada tevê!
Clamar a Eros esse alento, senão o amor.
        *
Afrodite enche-me de nula esperança,
E minha maldição não deteve,
Tornei-a uma estátua que ninguém alcança.
        *


Wagner Correia
06 de Julho de 2001