quarta-feira, 23 de outubro de 2013

O fim é o inicio e é o fim do inicio…

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É o que resta...

Sonhar e imaginar que em algum dia no passado, em outras vidas, algum lugar, algum momento... estive com minha companheira, minha dama e amada.

Aquele momento em que você olha a Lua cheia e altiva no céu, apenas vê corpos na noite, carne profana e ímpios a dominarem os quatro cantos da noite e percebe o quanto a cidade está cheia de gente mas vazia de amor.

Onde o ser humano prefere doar todo seu carinho, amor e afeto para um cão ou coelho, rato ou animal do que para o próximo, para crianças, adultos e até mesmo um simples "boa noite" ou "olá" não se é dado mais nesta cidade grande de enfermidade espiritual. As vezes a dor é a libertação, o sofrimento aproxima mais da complexidade do EU, e assim, elevarmos nossa fé da dor para a prática em nos mesmos do perdão e compaixão pelo processo de superação e aprendizado; apenas martirizar a dor e se tornar um viciado emocional do drama e da dor é um buraco negro do qual não tem saída, nem luz.

Quando você descobre mulheres pregando morais, falando de amor e tentando formar opiniões quando na verdade são infiéis, saem com homens casados por pura paixão e emoção, escravas de joguetes emocionais e sentimentais, vivem da emoção. Algumas tentam vender a imagem de puritanas e colocam suas falhas e culpa nos homens, nos demais e nunca em si mesma quando deixa de escolher aquela pessoa que não tem a segurança emocional que pensa ter, ou mesmo por puro medo no desconhecido, no arriscado e incerto foge para sua zona de conforto e fica próximo daquilo que mais lhe convém “garantias”. Traem seus namorados e noivos, e em menos de um ano arrumam outro e fazem o mesmo, não por que são pessoas más, mas apenas porque são o que são: normais. Na primeira briga já deixam outros procurarem-na, elogiarem e massagearem seu ego, apenas pelo simples fato de saber que ainda a desejam e sempre terá um “plano b”, uma segunda opção da qual ainda tem suas garantias até chegar aos trinta anos e começar apitar o relógio biológico e o desespero bater. Vivem e proclamam abertamente sua independência, mas reclamam da solidão e carência quando todos os demais planos, desmandos, pessoas hipócritas e amizades de uma noite de curtição e bebidas já não lhes preenchem nada. Começam uma busca louca pelo homem ideal, pelo par perfeito e passam a reclamar e voltar novamente no ciclo infinito em espiral ao inferno. E sempre existirão, pois no pós-modernismo existem homens que nutrem tais criaturas femininas e são acometidos em suas teias emocionais, talvez procurando apenas uma carne ou corpo na noite em troca do profano, do fácil e prazer imediato. Presas fáceis em suas próprias teias de desejos.

Por isso hoje celebro minha morte, celebro o fim dessa busca eterna. Desse malogrado e enfadonho conto sem fim. E em forma de prosa, escrevo sem mais melodias, sem mais rimas ou poesia. A poesia morreu com aquele homem Arturiano que outrora entonava cantigas de amor galego.

Hoje celebraremos a morte de um Trovador que buscava sua amada e sem sucesso, morreu tentando manter viva a esperança de que um dia poderia ter encontrado. Celebramos mais um Dom Quixote entre milhões já mortos pelos Titãs que subiram ao Olimpo e de lá expulsaram os deuses.

Não conseguiu viver tempo suficiente para ver o castigo dos ímpios, enquanto mil caiam a sua direita e outros dez mil à sua esquerda. Construiu seu refúgio e altar no altíssimo, conheceu seu nome e a ele invocou, mas nada ocorreu... e assim morreu.

Estes foram Os Sonhos de um Trovador Tolo, que aqui viveu entre nós, aqui sonhou e aqui amou quem nunca lhe amou de volta, nem sequer por um dia, hora ou minuto.

Aqui jaz na paz eterna um Hecatonquiro, com seus cem modos de amar, sem ser amado vagando no Tártaro… e venha a nós o vosso Reino.

✰ 1981 一 ✞ 2013

19 de Outubro de 2013
Wagner Correia

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Where is she?

Is she in the trees?
Is she in the seas?
She’s at the Walls,
at the side of my falls,

Waiting for the leaving,
‘Cause I’m dying,
in the trees of loneliness,
inside the forest of my emptiness,

Forest of eternal sorrow,
‘Cause death is our Freedom,
from the Rivers they follow,
to the lies of Doom.

Slow decay and rest,
As I'm running fast,
to find my beloved one,
I hope to find someone.

Maybe I have found her,
but maybe she's still sleeping,
maybe i have disappointed her,
maybe I'm still dying,

but when I see her, those eyes light me up!
Remembering where she was,
deeply in my heart, raising me up!
finally finding where she was…

Wagner Correia
04 Julho 2013

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Mais uma vez…

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E assim fui,
mais uma vez iludido,
à espera daquilo que nunca vem...

na chuva,
na solidão,
sem luva,
sem perdão,
nesse banco
de bengala e manco,
assim me sento,
assim me paro,
em meu assento
do meu enfaro,

De ti, jamais ter
de amar, jamais ser,
na chuva da dor,
na dor do amor,
e para sempre só!
sem nenhuma dó
de um tolo perdido
nesse mundo desprovido
de qualquer sentido
de honra e valor
e sem amor!

Só um tolo,
trovador tolo,
para crer nesse amor,
sem qualquer calor.

Desisto!
Não insisto!
chove sem parar!
lágrimas do amar!
para o além-mar,
da ilusão,
na ilha da solidão!

Adeus meu amor,
nunca a terei,
nunca me amou,
mas jamais esquecerei
daquilo que ficou:
Uma triste lembrança,
sem temperança,
daquilo que nunca foi,
mas poderia ter sido
aquilo que não foi,
perfeito e eterno!
Poderia ter ido!

Mas nunca foi,
nunca houve de ti,
amor puro em si,
optando pelo mais fácil,
com o elo mais frágil,
que logo romperá,
e logo se arrependerá,
Só que já terei morrido,
numa Ilha, estarei lá!
naquela onde naufraguei,
a ilha da solidão,
e será tarde demais...
pois atrasado cheguei…
para nunca mais…
morrer…

Wagner Correia
02/05/2013

domingo, 24 de março de 2013

O amor breve imaginado

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"...entre diversas possibilidades, futuros alternativos, situações e realidades paralelas. Constrói-se uma gama de realidades onde seus atos determinam, se aquela pessoa, estaria ou não com você. Cada decisão tomada, ação no presente, pode mudar completamente o curso de uma história. Um simples olhar, uma simples oportunidade, uma real ATITUDE determinará uma dessas realidades futuras paralelas. E apenas em segundos - instante rápido - todas possibilidades se abrem. A inércia da falta de oportunidade e atitude, deixa então para trás, todas essas milhares de possibilidades futuras. Mas se... e se... Nada tem... nada teve! E assim ela vai embora - as possibilidades - uma estranha ou o futuro, sem volta, sem segunda chance e final feliz. Neste sentido é correto crer que apenas existe o presente, e seu futuro faz-se agora. Nada é real, tudo é criado e projetado, até o seu futuro chegar e perceber que era apenas o seu presente atual: suas escolhas.

E assim ela vai embora... Quem? A esperança!

A espera de algo, a possibilidade futura de uma fatia de possibilidades de planos paralelos. É como um tubo, cilíndrico, onde sua circunferência compreende todas possibilidades e futuros possíveis, ao mesmo tempo, no presente; mas você escolhe apenas uma fatia dessa realidade, uma reta horizontal à sua frente. Criando sua realidade atual, enquanto as outras mais inclinadas e oblíquas, apenas interligam-se nesta realidade atual através do eixo central deste cilindro do centro deste tubo: seu eixo.

Cada escolha feita, cada atitude tomada é um "giro" ou "clique" destas retas planas inclinadas, alinhando-se horizontalmente e fixo ao eixo.

Então por assim, lá esta ela, sentada, parada, imaginada...
Então estou assim, aqui parado, sentado, imaginado...

Basta apenas levantar-se, perguntar-lhe o nome, o livro e o que estar a ler...
Basto-me a imaginar: em minha mente, levanto, converso e ao fim de nosso destino, trocamos contatos. Poderia acontecer assim, nesse platonismo é o melhor. Ir lá e correr o risco de outra realidade das diversas e milhares acontecer? E se uma delas for, tão e somente, ilusão? Levantarei e ao chegar perto dela, ignorarará e no máximo seria educada... faria o papel de tolo... Não! Hoje não!
O amor platonico só é bom assim: quando permanece no mundo das idéias! Se o realiza, perde sua imaginação e fantasia, seu sentido. Enquanto imaginado, posso dizer que poderia ter dado certo, que poderia ter amado e ela também. Poderiamos até ter iniciado algo grandioso, que futuramente, resultaria numa união para o resto da vida: um grande amor! Não, mas em verdade estou preso! Prefiro crer que em algum desses planos paralelos de possibilidades, eu estou feliz, bem e nunca tive medo de arriscar. Prefiro este ardil, imaginar muito além da realidade presente, e cada situação e lugar tornar-se-ia milhares de possibilidades platonicas a se imaginar.

Quem irá me acordar?
Quem me amara?
E da fantasia
sem mais elegia,
a matará?

Parece ficção, mas é real, latente e fantasioso: é a Matrix!"

Wagner Correia
25/03/2013

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Deixe-me ir

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Deixe-me ir,
Deixe-me ir,
Deixe-me procurar
a resposta que preciso encontrar
Deixe-me encontrar uma maneira,
uma forma derradeira,
da realidade aceitar.

Devo voar,
Devo voar,
Erguer-se contra o céu,
Erguer a voz neste mausoléu,
vestido de vermelho-sangue,
para que não se prolongue,
esta ilusão!
taciturna paixão!

Devo ir atrás dela?
Quebrar minhas asas e cair?
Sobreviverei sem sequela?
De tão alto subir?
Deixe-me ir...
Devo subir...

Deixe-me correr,
Deixe-me sofrer,
Deixe-me morrer...
Cavalgarei o tigre,
Cavalgarei o Sol,
Deixe que migre,
No ouro do crisol,
Deixe toda impureza,
Deixe toda limpeza.

(Teu perfume ainda sinto!)
(Teu sorriso ainda imito!)

Deixe-me queimar,
e assim acordar,
purificado e dourado,
Como Apolo imaculado.

Deixe-me navegando,
em silêncio...
Deixe-me te amando,
em silêncio...

A aurora virá?
O portador da luz
emergirá da cruz?
A aurora triunfará?

Vivo ainda estou!
Intenso é o que sou!
Eu sou, eu!
e isto tudo é meu!

Por que a verdade,
mesmo que na iniquidade,
Sempre me faz morrer?
E sempre renascer?
Quantas vidas me restam?
Quantas me interessam?

Deixe-me quebrar!
Deixe-me sangrar!
Deixe-me rasgar,
em pedaços...
Deixe-me respirar,
em abraços...
Deixe-me vagar,
o meu caminho...
Deixe-me andar,
sozinho...
Deixe-me extraviado!
Deixe-me ludibriado!
na ilusão tardar,
em te amar!

Deixe-me escorrer!
Deixe-me morrer!
Deixe-me quebrar,
as coisas que eu amo!
aos sonhos que conclamo,
eu preciso chorar!
em silêncio ficar!

Deixe-me queimar tudo!
Deixe-me tomar a queda!
tomar o que desperta!
E depois ascender,
Através do fogo da purificação!
Voando na imensidão!
Agora deixe-me morrer!
Deixe-me renascer...

Deixe-me sair
Deixe-me ir...
Deixe-me ir...

naquela noite de breu
que de mim você correu...

Wagner Correia
03/12/2012

sábado, 3 de novembro de 2012

Tua luz cintila

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*
Dar-te um abraço
sem nenhum espaço
para sentir
sem partir
todo meu desejo,
o que almeijo
quando cintila
com grandeza
o que rutila,
é o seu beijo,
e sentir o teu cheiro,
desta minha musa,
com sua luz difusa,
mas que me orienta,
acalma e afugenta,
toda solidão
e escuridão.
*
Ó! Dama te quero!
em teus braços espero,
seu rosto cintila,
a luz que ilumina,
meu coração
na imensidão...
seu cheiro sinto
me faz faminto
como a noite completa,
na Lua que desperta.
*
Wagner Correia
09/05/2012

Cristal da Ilusão

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Não importa onde ficar,
Estarei por perto,
e a cada movimento observar,
bem de perto,
quando o sol raiar.
               *
Estarei lá
só me chamar,
Estarei lá,
Só me amar,
Onde voce for,
Onde o sol se pôr,
Estarei perto de ti,
Somente para ti.
               *
Quando seus olhos fecharem,
E a minha mente tocarem,
Serei sua visão
E sua audição,
Serei uma parte de tudo,
que voce vê e ouve,
em teu coração ao fundo,
para que eu te louve.
                *
Apenas me chame,
Apenas me ame,
Onde quer que voce for,
chame com furor,
teus passos estarei a tomar,
para proteger e consagrar;
apenas segure o cristal,
com esta luz madrigal
em sua mão,
serei sua visão;
E me chame,
me ame.
              *
Estarei perto de você,
Onde quer que esteja,
Vou estar perto de você,
para que te proteja,
onde quer que vá,
Estarei perto de ti,
Somente para ti.
              *
Para que o brilho do cristal,
Dessa tao sublime luz madrigal,
Nunca se apague,
nem se resguarde,
e o nosso amor,
nunca deixa de brilhar,
nunca perca o sabor,
aonde quer que esteja,
meu coração a ti festeja,
e assim me chame,
assim me ame.
              *
apenas segure o cristal,
com esse brilho imortal,
uma promessa pra sempre,
de te amar pra sempre.
             *
Wagner Correia
Maio de 2011

domingo, 29 de abril de 2012

Surgimento

 surgimento

Surja, Surja, grande dragão,
Destrua, destrua a ilusão,
Suja, suja podridão,
Onde a cicuta, ejacula profanação
    *
Cicuta de água imunda,
Que despeja à desonra,
E nos covardes inunda
O ódio à honra;
    *
Sodoma renascida;
Putrefação da carne reerguida,
Pederastia reconstruída;
A virtude destruída,
    *
Imunda, Imunda civilização,
Sem valores, sem valoração,
Onde pregam o conformismo
Baseado no Imbecialismo,
    *
Óh grande Dragão
Surja na imensidão,
E acabe com este mundo
Primitivo e imundo;
    *
Os homens de virtude
Ainda resistindo na vicissitude,
Sofrendo nos caminhos oprimidos,
Carregando as chagas dos desmerecidos;
    *
Monumento à hipocrisia,
Monumento à apostasia,
Monumento à epifania
Carregada de fantasia
    *
Apostasia aos valores,
Fantasia dos investidores,
A hipocrisia do ser
Em seu espírito prender;
   

Wagner Correia
28 de junho de 2003

sábado, 28 de abril de 2012

Olhos cintilantes esverdeados

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        I

Olhos cintilantes esverdeados,
Lábios sutilmente desenhados,
Branco rutilante embalsamado,
Belo relutante exacerbado;
        *
Cabelos negros, como a noite
Mesclam-se ao branco, como açoite,
Rutilando a luz do seu rosto
Ao meu em oposto;
        *
Luz inebria minha mente,
Aquece minha dor incandescente,
Envolve minha razão,
Sufoca meu coração;
        *
Fantasia, se torna dor,
Dor, se torna horror,
Horror, se torna furor,
Furor, se torna amor.
        *

       II

Amor ao mundo intocável,
Platonismo incalculável,
Lembrança do belo,
Dor e amor, é o elo;
        *
Elos que separam os mundos:
Mundo dos covardes imundos,
Mundo das idéias e do material,
Nosso mundo em espiral;
        *
Poucos são os valorosos,
Não só os hipócritas saudosos,
Mas os poderosos virtuosos,
Que sofrem em ambos mundos opostos;
        *
Olhos cintilantes esverdeados,
Vejo os sepulcros desenhados,
Clamo aquela onde justiça é hospedeira:
Elfa, Valquiria a Deusa guerreira.


Wagner Correia
Sábado, 4 de Janeiro de 2003

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Vôo do Dragão II

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                         I

1    Atravesso o marfim!
1    O que deparo?
2    Somente o fim!
1    Está claro?
2    Talvez sim!
1    Que enfaro!
1    Porque comigo?
2    Tu és teu inimigo!
        *
1    Não sou meu inimigo!
2    Mas não sois vosso amigo!
1    E quem se importa?
2    A velha morta!
1    Que velha? È uma charada?
2    Não, apenas a velha amada!
1    Ora, que velha? Que amada?
2    Meu caro, tua esperança sem morada!
        *
1    Por que se importa com mortais?
2    Por mares do vosso coração aportais!
2    Mesmo que do velho porto enfadonho,
2    Por bruma, avistas campo risonho;
1    Um interlúdio enganador,
1    Que só me causa dor!
2    E tu mataste,
2    Que de longe amaste!
        *
1    Não me importo!
1    A esperança logo corto!
2    Compreendo teu açoite,
2    Mas de breve vem à noite
2    Que cai sobre teu coração,
2    E toma tua alma, (a escuridão)!
2    O Sol Negro, um eclipse sombrio
!
1    Sim, é quando perco o brio!
        *
1    Quando rio afluente, (a solidão),
1    Arrebata e deságua, (a depressão),
2    Na mácula em teu peito!
2    Uma fábula em teu leito!
1    Uma mácula não criada por mim,
1    Nem fábula imaginada de belo fim!
2    Confesse! Este deleite que faz,
2    Onde nisto tu és sagaz!
                *
1    Não faço deleite nem lamúria!
2    Mas tu adorais esta penúria!
1    Ora se agradas assim,
1    Por que então atravesso o marfim?
2    Porque lhe foi dito a fazer!
2    Tudo que tu fazes é preciso dizer!
1    Claro! Preciso de referências,
1    Para não cair-me em inconsistências!
       

                                  II

2    Achavas o tempo só o que vos faltastes?
1    Achava, até deparar o outro lado!
2    Não era o que vós esperastes?
1    Ledo engano o meu achar malogrado!
2    Frustrado, (sob nuvens escuras), tu, voavas!
1    Não mais! O Dragão fora sepultado!
2    Morrestes na passagem da muralha,
2    E perdestes a mensagem desta batalha!
            *
1    Mas que batalha? Que mensagem?
1    Não vejo nada apenas o fim!
1    Cansei-me de tal imagem,
1    Não queria que acabasse assim!
2    Tua esperança não quer assim,
2    Por isso em ti ela quer viver,
1    Ela alimenta-se do meu sofrer!
1    É cruel e não sai de mim;
            *
2    Não basta que fracassastes com o Dragão?
2    Ainda queres alimentar a destruição?
1    A esperança sempre engana com a ilusão,
1    De ter-me paz um dia no coração;
2    Não! Em ti nunca enganaste,
2    E a mensagem que ignoraste
2    Dizia para morreres tu, lutando,
2    Do que para deixares tu, sonhando.
            *
2    Sois a vós quem engana,
2    És tua dor leviana
2    Que causas a ti o não pensar;
2    Não deixes a dor te lançar
2    Para deserto vazio
2    Onde o nada és sombrio;
1    A dor é muito forte
1    Impulsiona-me a morte,
            *
1    Como resistir poderei?
1    Da dor maior que terei
1    Ao reviver a esperança,
1    Contudo, sem temperança?
2    Deveis aprender a virtude,
2    Para que em ti, dor mude
2    Em força que não ilude
2    E que dentro de ti ajude.

                  *
1    Afinal, quem você é?
2    Imagines que sou tua fé!
1    Não pode ser!
2    Teu orgulho não deixas ver!
1    Acabou! Deixe-me partir!
2    Apenas começou, há muito por vir!
1    Deixe bela morte me buscar!
2    Não vos deixeis, ela, a ti ofuscar;

Wagner Correia
12 de Fevereiro de 2002

domingo, 22 de janeiro de 2012

Busca ao Eldorado

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Na ida em busca do Eldorado
Encontrei-me desolado,
Um pouco distante
Neste sonho inconstante,
Falhando nas consistências
Entre as coexistências;
*
Porque é difícil viver
E ainda mais compreender,
O do por que permanecer,
Coexistir e ainda crer,
Nessa busca do vale encantado?
Sentindo-se ainda determinado
*
Viver além da realidade,
É desejar a finalidade
Dessa conquista triunfante,
Não para o errante,
Desse tão procurado
Insólito Eldorado;
*
O Eldorado mascarado,
O sonho inacabado,
O coração imaculado
Alguém enganado,
O amor tão sonhado
O otimista desacreditado;
*
Totalmente desolado,
Mas ainda impulsionado
Pelo amor malogrado,
Mesmo ainda obstinado
Pelo sonho imaculado
Do sonhado Eldorado;
*
Uma busca sem fim,
Um crepúsculo de marfim,
Tantos ais mais de mim;
Em meu sangue carmesim,
Devem escorrer no marfim?
Quando terá um fim?

 

Wagner Correia
10 de Fevereiro de 2002

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

A esperança fria em minha noite

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De noite no frio ártico
Envolto em estrelas,
Está meu coração apático
Na esperança de compreendê-las,
Contentando com mais uma noite platônica,
Em minha quietude nirvânica
*
Olhar, observar, desejar.
Querer, poder, almejar,
Apenas olhe! Não toque!
Mesmo que o querer o enforque;
Assim diz a timidez,
Tomando-me de uma só vez;
*
O frio nutre minha esperança,
Sarcástica sendo na temperança,
A bela jovem a me aquecer
E por minutos, a dor, esquecer;
Mas a melodia já não me agrada
E o medo retoma sua morada;
*
O tempo passa, o frio amordaça,
A Lua transpassa, a solidão abraça;
O coração pulsa, o frio se expulsa,
A dor pulsa, ao anjo em repulsa;
Ao céu da noite vou clamando,
No véu taciturno que vai velando,
*
Em resposta... O silêncio platônico
O anjo com seu dizer irônico:
Alimento o seu querer!
Desejo o seu silêncio romper!
Mas não diz por onde começar,
Deixando-me com o medo de falhar;
*
Esperando a noite acabar,
E outro dia monótono começar,
Ficando somente uma lembrança:
A noite fria de esperança!
Preso atrás da parede transparente:
Vejo o eldorado em minha frente!

 

Wagner Correia
18 de maio de 2002

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Canto para Rita

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Meu amor imortal
Do poder surreal,
Invoco a ti
Meu louvor em si,
Mesmo tão longe de ti
Sinto-me tão perto, tão real.
        *
Que me faz criar ramificações,
No meu ser, transformações,
Nos nossos petrificados corações,
Anulando as imensidões
Do mal que atormentava,
E seu amor que esperava.
        *
Hoje, conquistar-te-ei!
Querer-te-ei!
E dar-te-ei beijos,
Em forma de cortejos,
Ao qual tanto almejo,
Do ávido e lúbrico beijo.
        *
Suplico em minhas teimosias
(imaginando seus fios de ouro),
Sem mais aleivosias
(imaginando a ti, meu tesouro);
Não deixe o hedonismo dominar,
E meu alento, abulia se transformar.
        *
Onde amo em pensamento,
Que devo propalar
O amor que sinto,
Do meu vôo infindo,
Na ânsia de achar
E a ti entronizar.
        *
Qual mundo amo?
Cada vez mais te gamo,
Mesmo só de olhar;
Fico a me questionar:
Meu sonhar te alcançará?
Meu amar te enaltecerá?
        *
Só de pensar,
Mesmo platonicamente,
Mesmo imensuravelmente,
Poderei isso suportar,
Pois meu amor é real
Pois meu amor é surreal.
        *
É imensuravelmente imortal;
Rita e Beatriz, Dinamene e Laura,
Meus amores e de Dante, de Camões e Petrarca;
Amor além da vida, madrigal,
Romperam o ser e estar;
Não vivi estes amores, mas sei o que é amar!
Compor como eles, um dia comporei,
E destes amores, um dia entenderei.

 

Wagner Correia
30 de Julho de 2001

Chuva

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Chove...
Na minha mente confinada pela abulia,
Chove...
Em meu sonho infantil de fantasia,
Chove...
Na apostasia inerte na razão,
Chove...
Na busca de algo para o coração,
Chove...
Nas minhas poesias de quinta categoria,
Chove...
Na vida inerente a dor com histeria,
Chove...
No âmago do meu eu,
Chove...
Naquilo que se perdeu;
*
Uma chuva imunda,
Uma chuva desnuda,
De água infecta pelo mau agouro,
De cima do prédio no topo
*
Ainda chove...
Ainda move...
Ainda promove...
*
Minha pútrida esperança,
Nojenta e sem temperança,
De que isso acabe,
De que isso exale
O cheiro do perfume inefável
Do meu descanso infindável;
*
Solidão duradoura transitória,
Podridão acolhedora aleatória,
Infelicidade notória,
O dilúvio da vitória;
*
O corvo que voa sem destino,
O corpo que ecoa sem sentido
Na caverna da solidão
O corpo a prisão,
A alma a imensidão,
O corvo que disse nunca mais
Do porto das brumas casuais
Das almas expurgadas
De suas esperanças apagadas,
*
Mas ainda chove...
Na minha alma chove...
E minha dor sobe...
Para onde as preces servem
De punição aos que não merecem;
*
Chove...
Caminho na chuva,
Chove...
Ilumina a bruma,
Chove...
Oh dor profunda!
Chove...
Cesse! Por favor, dilúvio!
Chove...
Ah! Sou o corvo,
Chove...
Sem meu corpo,
Chove...
Que disse nunca mais,
Chove...
Quando poderei amar?
Chove...
Dizia: “Nunca mais”!
Chove...
Preciso ao menos comer,
Chove...
Para sobreviver,
Chove...
Comida podre não quero mais,
Chove...
Nunca mais,
Chove...
Estou afogando,
Chove...
A vida esta passando,
Chove...
Minha dor aumentando,
Chove...
Desista!
Chove...
Deuses acabem com isso,
Chove...
Estou cansado disso,
Chove...
Abulia que me guia,
Chove...
E me faz cantar a elegia;
*
Mas chove...
E tu choves...
E choverás...
E tu morrerás...
Chove...
Tu Choves...
Morre...
Tu Morres!
Não chove mais!
Pois morte aqui trás
De um sonhador barato,
Que aqui jaz...

 

Wagner Correia
23 de Novembro de 200

Desejo Mórbido

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Lua cheia cobre-me como véu,
E meu ódio edifica-se até o céu.
Inolvidável prazer obscurecido,
Do amor mórbido reaparecido.
Prurido do prazer na vulva infecta,
Objeto da carne com a língua se detecta.
*
Pobres mortais pela carne escravizados,
Na vaidade sendo ópios obstinados,
O poder sepulcral que dominam na disputa,
Em suas mentes inerentes na carne de uma puta,
Em que fazem guarida das frustrações numa vulva;
*
Uma bela dama da qual teu belo corpo desejo,
Tua silhueta e teu sangue, almejo,
Usar-te-ia somente como apetrecho,
Sentir o ventre adentro, enquanto olha-me com horror,
E rasgar-te, ver teu sangue rubro escorrer em tua dor;
*
Sejas seduzida mais uma noite, no calor dos seus hormônios,
Sejas uma vítima sem cérebro, induzida pelos vários pseudônimos,
Estereótipos medíocres, mas que vulgares se atraem,
Em tuas realidades cheias de máculas que se esvaem.
*
Enojem-se de mim seres inferiores,
Mesmo que de atroz seja meu ato,
Os meus atos diante de tuas vidas ainda são superiores,
Mas tuas tristes mentes fogem ao fato
De que os próprios mortais ainda são os destruidores;
*
Vivam no medo de ir ao inferno,
Vivam no engodo de ir ao céu
E alcançarem o paraíso eterno,
E a dor da ilusão cobrir como um véu.
*
Mortais descartáveis, os uso,
Faço o que quero e depois fora os jogo,
Somente quem merece sou obtuso.
E no ódio em que punirei faço julgo
Mortais de grande espírito pouparei,
Morram lutando de pé, pois se ajoelhados, pisarei!
*

 

Wagner Correia
14 de março de 2001

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Carta de amor de um Plebeu à Condessa

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                    I

Condessa de amor sem fim,
Fazes o coração
Parecer um oásis em mim,
No deserto da solidão;
        *
Minha amada imortal,
Do meu amor surreal;
Corresponda ao amor imenso,
Anulando o sofrimento intenso;
        *
Condessa, desejo teu beijo
E se não agradas o cortejo,
Permita ao menos sonhar
E para sempre te amar.
        *
Tantos sonhos já tive,
Tantos mundos já estive;
Mas nada como esse amor inefável
À condessa em meu oásis infindável.

                     II

O destino fez te conhecer ali
Apaixonando-me quando te vi,
E fez nos olhos teus ver,
Meu amor por ti, que teu deve ser.
        *
Não sou nenhum conde
Nem tenho títulos de nobreza,
Mas se o espírito for à fonte
Iguala-se ao teu título de Condessa.
        *
És bela como uma Fada,
E dança no oásis em meio ao nada;
Dentro do meu coração,
Irradiante de tanta paixão.
        *
Sei que talvez ame outro,
Mas será que ele merece teu ouro?
Amor de ouro que em meu ser rutila
Resplandece a escuridão e a esperança ilumina.
        *
Ninguém te amará como eu,
Mesmo sendo uma Condessa, e eu, um plebeu;
Dai-me uma chance de te amar
E por ti sempre irei sonhar...

 

Wagner Correia
15 de Abril de 2001

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

O Porto de Naus em mim

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Em um porto de Naus velhas,
parado estou a olhar,
um mar cheio de brumas
e um porto velho,
a solidão e o belo,
em minha mente aterrisadas...
        *
Olho como um passado,
uma Nau com um elo,
um pensamento no ar pairado,
um passado singelo,
sombras distantes,
sonhos conflitantes,
em desilusões infrigidas...
        *
Sou como uma destas naus,
velhas, sujas e amaldiçoadas,
cheias de calhaus,
mas outrora abençoadas,
velozes e privilegiadas,
fortes e potentes,
sem serem indulgentes
em brisas induzidas...
        *
Hoje não estão mais,
abandonadas em seus canais,
estão a envelhecer,
pela dor até o morrer,
foi-se toda a tripulação,
dissipada pela solidão,
em brumas doloridas...
        *
Esta Nau apenas precisa,
o que todo homem necessita:
Mastro e vela,
uma Deusa bela,
ornada na proa
para que ele emproa,
em jornadas seduzidas...
        *
Assim ventos soprarão,
velas ao mar,
impulsionando na imensidão
Nau a navegar,
e o destino a cultivar,
a jornada do capitão.
em aventuras como brisas...
        *
Passada a bruma,
prurido que se esvai,
logo o mar perfuma,
então esbravejai,
na proa esta a Deusa,
talhada como minha musa,
em madeiras lapidadas...
        *
Navegarei os sete mares,
sem temer as tempestades,
pois em minha proa tem,
aquilo que o mal retém,
o busto da Deusa,
talhada em sua beleza,
em ondas ornamentadas...
        *
As ondas a beijam,
como suave disfarce,
pensamentos a desejam,
sentir esta face,
como suave fantasia,
desfazendo a apostasia,
em anátemas esquecidas...
        *
Em endechas não navegarei,
Apenas trovas escreverei,
para esta terra encontrar,
nos confins do além-mar,
na infinita escuridão,
encontrar-me na imensidão,
em verdades incriadas...

Wagner Correia
9 de Janeiro de 2012

domingo, 8 de janeiro de 2012

Caminhando ao vento que sopra

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Caminhando ao vento que sopra,
Contemplando a mais bela obra
Noite escura o mar revolto,
Visão turva o mar envolto;
*
Onde ondas batem em rocha escura,
E Vaga-lumes saem de uma fissura,
Ilumina a encosta vazia
E anula uma face de apatia;
*
Os vaga-lumes cintilam apostasias
E sob as nuvens escuras,
Tornam-se ternuras;
*
A mente visualiza alegorias,
Uma luz do pensar enfadonho
E mais um canto de elegia.


Wagner Correia
23 de Novembro de 2001

Cruzada no Mar

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Na proa de uma nau,
Na vasta espera do sinal;
Observo o levar das ondas,
Fito o ofuscar das sombras,
Na Cruzada dessa nau.
        *
Ignoto meu desejo ao mar!
De só querer alguém a amar;
Nesse devaneio de desejos,
As ondas dos seus cabelos;
Como o vento soprando o mar!
        *
Fito o horizonte além da visão,
Para que esse silêncio no olhar
Acalme a tempestade do coração;
Nessa Cruzada em meio ao mar,
Do seu amor, minha desilusão.

 

Wagner Correia
25 de abril de 2001

Um Plebeu

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Sei que não sou o único em sua vida
Mas não é isso que me intriga
E sim que sou um pobre plebeu,
Que busca a felicidade que se perdeu.
*
Vejo tantos nobres que disputam sua mão,
Mas é o que custa sonhar com o coração.
Sonhar de um infeliz e simples plebeu,
Poderia eu sonhar com o amor que desapareceu?
*
Cada instante que ouço sua voz bela,
Sinto-me envolto na mais plena realeza;
Mas o que eu posso esperar dela?
Uma Deusa tão refinada de beleza!
*
Um plebeu disputando o amor da princesa;
Ah, tudo parecem contos de fantasias!
Mas em mim tudo são apostasias;
Um plebeu e seu passado de tristeza.
*
Minha vida exterior pode ser de um plebeu,
Mas em  meu interior falta a simplicidade,
Possui força, mas o poder se excedeu,
E agora no exterior quer mostrar felicidade.
*
Fico infeliz em não poder ainda te ver,
Mais ainda em não poder te ter.
Não sei porque ainda tenho esperanças,
Nem sei se tenho mais lembranças.
*
Lembranças de um dia ter sido feliz em vida
Não me recordo, não consigo pensar em mais nada
Apenas nesta Deusa, mas não acredito em Fada!
E sim nesta princesa da fantasia, com amor seduzida.
*
Não quero perder-te jamais,
Mesmo que muitos lutem mais,
Estarei sempre ali te querendo,
E por sonhar, te amando.

Wagner Correia
29 de Janeiro de 2001

sábado, 7 de janeiro de 2012

De cima de um prédio

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Observo até o limite da visão,
...em cima de um prédio, no topo...

Entre meus dedos tenho uma rosa,
vermelha, rubra da cor do meu sangue,
que escorre por entre os dedos.
Um espinho furou-me,
e transpassou-me,
dói muito, mas não por fora,
o corte é pequeno não aparenta nada,
súbito sobe-me uma raiva,
induz-me a jogar a rosa,

...de cima do prédio, no topo...

Quase não há vento,
então posso observar atento,
a rosa a cair,

...de cima do prédio, do topo...

Uma gota de sangue a cair,
junto a rosa quando a jogo,
o sangue a cair,

...de cima do prédio, do topo...

a rosa a cair,
em um devaneio sem fim.
o sangue a cair, a rosa cair,
minha vida a Cair, a Dor a emergir,
observo a rosa cair,
cada vez mais longe,
distante, e o sangue escorre.
Ainda a vejo cair,
sem ao meu olhar fugir,

...de cima do prédio, de um topo...

existem pessoas abaixo,
em direção a elas,
...a rosa a cair,
no mesmo tempo em que
meu coração bate,
a rosa por fim cai,
e alguém assiste de longe,
a queda da rosa,

...de cima do prédio, do topo...

uma dama pega a rosa,
sente seu perfume inebriante,
e olha para cima,

...para cima o prédio, o topo...

ao longe me olha,
em um gesto, convida-me a devolver
a rosa que caiu,
ainda posso ver mesmo ao longe,
a rosa e a mulher,
e rutilantes raios de luzes entre ambas,
a rosa que caiu e a dama que sorriu,
desenhando em mim o amor inda,
permanecido pela esperança ainda.
Talvez pegue a rosa de volta,
talvez a cheire novamente,
mas meu sangue escorreu,
caiu e ninguém percebeu,
esvaiu-se no ar.
Precisa sacrificar,
derramar sangue,
para anular este fadário.
Irei, para a rosa pegar,
a rosa que caiu,

...de cima de um prédio, do topo...

e convidar a dama,
de um gesto tão generoso,
a comigo apreciar,
o horizonte até o limite da visão,
e talvez me animar,

...de cima de um prédio, no topo...

e ter em minhas mãos,
a rosa,
e também entre minhas mãos,
outra mão,
de pele lisa igual à seda
e ali ficar,
observar,
e a solidão
a jogar,

...de cima de um prédio, do topo...

para onde ninguém possa alcançar.

Wagner Correia
7 de fevereiro de 2001

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

O Lorde do amor inefável


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Todas as noites eu observava,
Não a lua em si que encantava
Apenas um senhor vestido como um lorde;
Ao menos aparentava alguém rico e de sorte!
        *
Todas as noites com um ritual infindável
Sentava-se com um perfume inefável;
Roupas sempre de décadas passadas
Talvez por trazer lembranças afastadas.
        *
Todos riam do senhor por seu traje
Sempre vestido com seu belo fraque;
Mas tinha sempre um bom humor,
Sempre falava muito sobre amor.
        *
Diziam que ficou louco de repente,
Devido o grande amor estar ausente;
Muitos anos atrás tivera um grande amor,
Alguém com uma pele que parecia de tussor;
Mas algo trágico aconteceu e seu amor desapareceu...
        *
Uma vez sentei-me ao seu lado
Para entender o seu fardo;
Disse-me que sentava na mesma hora ali, sempre,
Tentando falar com sua amada com a mente;
Sempre vieram ver a lua ali, até que ela faleceu...
        *
Subitamente sua utópica vida mudou,
Um caminho de solidão se consolidou;
E para se lembrar da sua amada,
Vinha ali tentar ouvir a Dança da Fada;
Dizia-me que sua mulher se tornou uma Fada...
        *
Seu amor era tamanho e inebriante
Que acabava sendo contagiante,
Ele sonhava em um dia naquele lugar
Ela voltar, e com ele o Ballet da Fada dançar...
E juntos, em seu melhor traje, voar,
Para a terra do nunca, e nunca mais voltar...

Wagner Correia
15 de janeiro de 2001

Chuva Seca

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Ando sozinho vago pela terra,
Nada conforta meu coração
Nem mesmo minha quimera;
Nesse devaneio sem fim,
Nesse escárnio da vida em mim,
Nada conforta a imensidão;
Alimenta-se de forma sutil,
Do meu sonho infantil.
        *
Amor imortal que mata o meu ser,
Saia de mim, deixe-me viver!
Mesmo que venha a sofrer...
...só quero andar sem parar,
...Sem rumo, sem lugar ou fim.
        *
Destino, guia-me e indica-me
O caminho do qual seguir,
E dizei-me o seguinte porvir
Do que fazerdes no fim;
Nessa caminhada de ilusões,
Nesse comboio de desilusões,
Na cruzada no abismo de vastidão,
Imensidão, precipício de sonhos.
        *
Na ponta do precipício estou a olhar,
Nos sonhos estou a me jogar;
Nesta última esperança intrínseca,
Inerente ao meu infeliz sonhar;
Nessa chuva fria e seca,
Que faz o horto de sonhos regar.
        *
Essas linhas não dizem nada,
Esse fraseado ilusório não representa nada,
Este sonho por esta busca,
Essa Deusa que me persegue
Nos meus sonhos de noite,
Não diz nada só está à atormentar.
        *
Parem! Eu vos imploro, deixe-me viver sem isso;
Se é que isto é viver...
Apenas me deixem em paz!
O que querem dizer através de sonhos?
Em ilusões belas ou pesadelos enfadonhos?
Até em meu lar vêem à assombrar;
Deixem-me só, como nasci, como vivi,
Como sofri, como senti em mim...
Se é que isto é querer...
                *
Na linhagem que termina,
Nesse ódio que fulmina,
Nessa tempestade de chuva seca;
Chuva de agulhas em meu peito,
Desafiando o meu preito
E que a minha única defesa
Tenho as palavras por escrever,
Onde exponho o que sinto,
E ninguém entende!
Só comenta e não compreende.

Wagner Correia
23 de abril de 2001

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

O Esquecimento do Mundo

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Onde está o salvador?
Em estado de torpor?
Dormindo em tecidos de tussor?
Justos esbravejam com furor?
Ou ao som de gemidos de dor?
Gritos de esperanças de amor?
*
Dogmas ensinam!
Em esperança viver;
Doutrinas procriam!
Na hipocrisia do ser;
Homens incitam!
No questionar reter.
*
Pessoas destroem
Os sonhos dos justos,
Ao custo que constroem
O egoísmo dos injustos,
Nem de perto condoem
O coração de muitos.
*
Quantos mais devem morrer?
Quantos mais devem sofrer?
Quanto mais a ignorância
Pode o fraco corromper?
Quanto mais a insignificância
Pode ao amor distorcer?
*
A carne escraviza,
A paixão banaliza,
O EGO enfatiza;
A compaixão individualiza,
Ao sofrimento que martiriza,
O sofrer que o Dogma preconiza.
*
Milênios não há de bastar
Para o salvador acordar?
Do sono profundo,
Do esquecimento do mundo,
Para então o Apocalipse chegar
E o egoísmo e a ganância erradicar.
*                   
Enquanto isso só nos resta esperar,
Ate lá nossa luta não pode cessar,
Para assim os antigos lutarem
E seus nomes esbravejarem,
Aos covardes mortais,
Que não perderemos jamais!

 Wagner Correia
10 de setembro de 2001

Lobo Insano

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Farejando teu néctar profano
Como um lobo insano
De desejo mundano,
Da carne fresca necessitando;
De noite, caçando a alma do puritano.

Lobo da noite profana,
Com seu uivo declama,
O cheiro que me inflama;
Farejando seu desejo,
Como forma de cortejo.

Querendo seu beijo,
Algo que tanto almejo;
Mesclando o profano,
Ao desejo humano;
Do sentir soberano.

Seu cheiro lúbrico
Induz-me ao pútrido;
No instinto animal
De um Lobo abissal;
Nesta noite madrigal.

Avidez pérfida da veleidade,
Anátemas da imortalidade,
Apostasia no amor de verdade;
Procuro-te à noite mundana,
Na noite da bruma profana.


Wagner Correia
18 de maio de 2001

domingo, 1 de janeiro de 2012

Estátua Inalcançável

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Tantas dores, senão no sofrer!
Das guaridas dos eloqüentes,
Os gananciosos descontentes,
Exasperados! Senão no viver!
        *
Fizeram-me mausoléus de dores;
Estátua de pedra fria,
O estóico bardo de elegia,
Talhando pedras em meus amores.
        *
Esperar o que da Fortuna, senão a dor,
Essa vida nada tem, nada tevê!
Clamar a Eros esse alento, senão o amor.
        *
Afrodite enche-me de nula esperança,
E minha maldição não deteve,
Tornei-a uma estátua que ninguém alcança.
        *


Wagner Correia
06 de Julho de 2001

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Ninfa que de tão longo amor subiste!


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Ninfa que de tão longo amor subiste!
Dos teus fios dourados a luz resplandece,
Junto a teu sorriso que na luz enaltece,
Anulando o semblante do homem triste;
        *
Enaltece a chama do dragão,
Que avança para te alcançar,
Voando veloz, para logo chegar,
Antes que seja mais uma ilusão;
        *
Subiste tão longe do olhar,
Que o ser comum não pode vislumbrar,
Nem se aquecer da chama que me inspira;

Pois de Dragão a Rei, transformarei,
Onde ao vosso encontro, irei,
Dar o coração que por ti suspira.

Wagner Correia
17 de Julho de 2001

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Fagulha nas Geleiras

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Vagando por entre geleiras,
No frio em minhas desdenhas,
Fugindo do frio da imensidão,
Imergindo o brio na solidão;
*
Caminho por uma prisão sem muros,
Em meio à neve fria destes mundos,
Onde a dor congela-me,
E o pesar sufoca-me.
*
No mais absoluto abismo de mim,
Acredito no supremo ardor em mim
Que em terras distantes acredito existir;
Como uma pequena fagulha por expandir,
Na esperança acesa, a dor do sentir;
*
Estou preso à espera da certeza
De libertar-se dessas geleiras,
E na visão tornar-se clareza,
De converter-se das tristezas;
*
Minha amada haverá de surgir da imensidão,
Ante a fagulha em mim;
Cobrindo-me com seu furor, o frio no coração,
O a-mor reacendido enfim;
E a dor da solidão, entronizar seu fim!

Wagner Correia
20 de março de 2001

domingo, 25 de dezembro de 2011

A Face do Anjo Obscuro

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Caminho entre um corredor escuro,
Ouço sons sepulcrais do obscuro;
Observo uma imagem que parece me sondar,
A face de um anjo oculto do meu sonhar.
        *
Súbito ao olhar essa imagem desaparece!
Será um sonho ou realidade? Não é o que parece!
Lentamente caminho em frente
Mas hei que me vejo a cair
E por muito que tento,
Deste abismo não consigo sair.
        *
Mas por uma bruma leve e suave,
Parece me levar a um vale;
E em meio ao meu frenesi,
Meus olhos veem algo carmesim!
Alguém com um vestido de tussor,
E de pleno gesto com furor,
Caio em um chão frio e árido;
E ao vestido, volto-me, a vê-lo ávido!
        *
Vejo que é uma face familiar;
Oculta por sombras,
Mas vejo mesmo em penumbras
Ficando à minha visão a similar,
Ao anjo oculto do meu sonhar!
        *
Parece ser um anjo,
Que atrás das sombras
E das brumas,
Seu rosto encanta!
E esvai-se com um gesto,
O obscuro corredor funesto.
        *
Vejo-me envolto em brisas
E por um segundo estou junto dela;
O que fazes com minha dor que te inspiras?
Pergunto e olho em sua face bela;
Madrigal a silhueta do seu rosto!
A visão que tinha antes era o oposto.
                *
Pergunto o que queres de mim?
Apenas olha-me e estende sua mão;
Avidamente toco em sua mão,
E inda obscura minha alma, talvez possa ser o fim!
Sua mão suave envolve-me junto com sua utópica face,
E a escuridão ante seu rosto, era apenas um disfarce.
        *
Enfim ela me conduz como uma deusa ao Elísio,
Uma fina névoa cobre um jardim;
Parece-me não ser nada fictício,
Ela então toca minha face
E de um gesto sem fim,
Beija-me suave!
E descubro que ela era meu anjo dos sonhos;
Ali ela é uma deusa que procurei na vida
Em longos e obscuros corredores enfadonhos,
Mas encontrei-a ali, na passagem da vida.

 

Wagner Correia
12 de Fevereiro de 2001

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Vôo do Dragão

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Parte I
Introdução
*
O vento glacial sopra do céu
No âmago da minha paixão,
Pairado como um hermético véu
Que em anátemas expulsam o coração;
O Exórdio do canto enfático,
A mimese infinda, de tocá-la,
O rosnar ao céu apático,
O querer inda, de beijá-la.
*
O Dragão alado, voa solitário
Na metamorfose da alma,
Planado nesse fadário
Até a simbiose da amálgama;
Onde ao longe, ergue bruma leve
Ao leste ermo, deserto breve,
Pressentido algo, ante o fim;
Deuses nas muralhas de marfim?
*
Voarei até as muralhas de marfim,
Para ao menos encontrá-los
Nesse deserto ermo, sem fim,
Para ainda indagá-los,
Do porque da minha amada,
O tempo tarda a encontrá-la?
Já estando ante o nada,
Na bruma, longe de alcançá-la.
*
Passando onde não estava,
Ao chegar já não esperava,
Apenas na neve, suas pegadas,
Logo, por brisa leve, apagadas;
De súbito se fez à simbiose,
O Dragão voando na metamorfose,
Mas para a mutação completar,
Preciso ao menos, uma vez, te tocar.
*
Ah! este hermético véu me sufoca,
O Clangôr distante me invoca;
As narinas ardem de furor
Expelindo fogo neste tussor;
Vôo atroz como uma seta,
Do belo arco e bom arqueiro,
Que nunca falhou sua meta,
Atirada do antigo outeiro.
*
Ah! Este sangue aflora carmesim,
E como um raio, atravesso o marfim,
Destruindo as muralhas do Nada,
Abrindo uma fenda para a amada;
É uma questão de tempo,
Devo permanecer atento;
E a pedra que me falta ter,
Na fenda do Nada, irá preencher.

 

Wagner Correia
01 de setembro de 2001

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Triunfo Próximo

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Súbito chega a morte,
Fito-a para que conforte
A ira e a dor da vida,
Do abismo de solidão inda.
        *
Chegou atrasada...
A alma já estava apagada,
Apenas veio buscar a carcaça
E cobrir de vermes esta carapaça.
        *
Finalmente liberto,
Meu trono perto;
Agora sim todos sentirão o obscuro.
        *
Deuses comigo devastarão a terra
Trazendo um mundo obscuro que logo desperta;
A estes seres imundos daremos o escuro.

 

Wagner Correia
15 de dezembro de 2000

Solidão de Tharos

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Pelos mares gélidos cruzei,
Tempestades rutilantes, enfrentei;
Paisagens madrigais, vislumbrei,
Em minha solidão, entronizei.
        *
Vagando por terras ermas no caos da guerra,
Diante de mim, percebi o que era,
Mais um a lutar com seu fardo;
Esquecendo a bela poesia do bardo;
        *
Na guerra com o meu estandarte,
Meu sangue escorria quente escarlate,
Alimentando a espada com vingança;
        *
A fúria ofuscava minha visão,
Meu sangue explodia como um clarão,
Fazendo da dama… só uma lembrança…

 

Wagner Correia
18 de novembro de 2000

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Soneto da Vitória contra a Chama da Vingança

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A chama da vingança tentava vencer,
Glórim mesmo fraco, ainda tinha poder,
Usava toda magia que conhecia, para não perder,
Pois nunca para a escuridão, iria se render.
        *
Travava uma luta intensa em sua mente,
Deveria concentrar-se, tirar ódio e dor.
Pensar no valor que se foi veemente,
E destruir a Chama com furor.
        *
Lembrava-se dos momentos felizes,
Tirando de sua mente coisas tristes.
Apaga a Chama, vem a derrota da escuridão.
        *
Sentia a maldição e por onde se manifestava,
Dor e ódio eram por onde a Chama inflamava.
Agora estava livre do ódio e da maldição.

 

Wagner Correia
15 de dezembro de 2000

Soneto da Chama da Vingança

Berserk-07
Glórim e os guerreiros, pelas terras ermas,
Vagaram combatendo, na imensidão das trevas,
Mesmo que não seguissem ordens, nem regras,
Estavam os Bersekeres, juntos nessas guerras.
        *
Todos guiados pela vingança.
A escuridão lança sua chama,
A chama da vingança,
Uma maldição que com ódio inflama.
        *
A Chama da Vingança queimava.
O ódio dentro deles inflamava.
Uma maldição que neles era inerente.
        *
Glórim mesmo com tanto poder,
A si  lutava, tentando se conter.
Mas a chama em si era contundente.


Wagner Correia
15 de dezembro de 2000

O lugar da bela

Luthien Dancing, by Ted Nasmith
Por onde andas bela,
A quem tanto aclamo;
Por onde pisas bela,
A quem tanto procuro;
Por onde vives bela,
A quem tanto vivo.
    *
Tu andas em meu coração na floresta,
Junto do meu amor por ti;
Onde meu coração em ver-te faz festa,
E ele mostra o que senti;
Em que essência é esta,
A essência é a paixão que senti por ti.
    *


Wagner Correia
20 de abril de 2000

domingo, 18 de dezembro de 2011

Muros Sem Fim

muralhas marfim

Caminho sem fim,
Por muros de marfim;
Muros que alcançam o céu,
...com solidão me combrem como véu.
               *
Ignota minha presença,
Nas estrelas me falta crença;
...eu a espera de uma Deusa
Que me encha com sua beleza.
                *
Estou preso entre os mundos
Sem saída devido aos muros;
         ...minha espada tenta quebrar o marfim...
                *
Óh grande amada onde estais na imensidão!
Para abrir uma fenda nos muros da solidão;
         ...minha esperança é uma Deusa que evite meu fim...
                *

 

Wagner Correia
9 de dezembro de 2000

Pintura Metafísica

0460 P
Em meus sonhos te imagino bela,
Em minha alma, tenho medo;
Imagino você em uma tela,
Tento pintá-la, algo que não devo;
        *
Não quero ser mais um em sua vida,
Quero ser o arauto da sua alegria;
Anunciando o fim da solidão inda
Que tento desenhá-la, com maestria;
        *
Sei que está rodeada de gente,
No fundo ninguém te preenche;
        ...meu quadro é você com cores rubras...
        *
Rubra as cores do meu sonhar por ti,
Não sei quem és, mas logo digo o que senti.
        ...desenhei sua silhueta mesmo com penumbras...


Wagner Correia
8 de dezembro de 2000

O Guerreiro Solitário

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Através dos ventos frios
Caminho entre rios;
Pelas ruas vazias
Cobertas por flores de cerejeira;
Pelos caminhos e vias
Entre a floresta e sua clareira.
        *
O Outono já chegou
E minha chama do amor apagou;
A morte já não me é inimiga,
Pela vida, pela miséria,
Tornou-se minha amiga.
        *
Os meus ancestrais dizem
Que meus inimigos ainda vivem;
Meus instintos me conduzem
Através da verdade me induzem;
Mas devo ir atrás da vitória
E derrotar os inimigos com glória;
Mas só encontro à solidão
Que vem com tamanha imensidão
E triunfa sobre meu coração.
        *
Pela Terra do Nunca vaguei
E com a solidão fiquei!
Nas florestas andei,
Com a solidão que jamais sonhei;
E como guerreiro, em minha vida lutei.
        *
Todo guerreiro é solitário!
Pois sempre luta só
E vive só;
É uma maldição sem fim,
Tão grande como um muro de marfim;
Mas sou um amante solitário.
        *
Pelos vales, pelas colinas
Andei!
Com a tristeza, com a dor
Fiquei!
Através de tapetes de flor de cerejeira
Vaguei!
                *
Mas tudo isso agora terminará!
A solidão, tristeza, dor, tudo acabará;
Em mãos tenho minha espada
E com ela estou empunhada,
A ponta em meu coração apontada.
        *
Ouço meus ancestrais chamarem
E a meus seguidores aclamarem;
Devo ir, partir para um mundo novo,
Onde a solidão e a tristeza,
Não me atormentarão de novo.
        *
Por fim, cravo lâmina fria em mim,
Mas ninguém chorará por mim!
Com a espada cravada, sinto frio,
Está tudo escuro e sombrio;
Está tudo acabado, a solidão teve fim,
E assim, é o meu fim!
        *

Wagner Correia
19 de Junho de 2000

O Ballet da Fada

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I
Sempre passo por um lugar,
Onde vejo uma bailarina dançar;
Dança tão doce e suave como uma fada,
Como se tivesse pisando no nada.
        *
É tão grande sua beleza
Que faz com que não tenha a certeza,
Se realmente existe ou é uma ilusão
Criada pelos sentimentos do coração;
        *
Pela janela, a olho atento,
Ao mesmo tempo que lamento,
Pois ela nem sabe que existo
E nem mesmo sabe o que sinto;
        *

II
Uma Fada como ela não pode me ver,
Pois não sou um príncipe encantado,
Sou o sapo que não a posso ter;
           Acabando enfeitiçado,
Com seu Ballet de Fada, que mal posso entender,
           Ficando ali, apaixonado,
Sem nem mesmo se mexer,
           Ficando ali, frustrado;
        *
A chuva cai forte sobre mim
E da janela aprecio sua dança,
Nesse encanto sem fim;
Sem mais a temperança,
Pois é grande o amor em mim,
          Fadado na esperança,
De tocar seu vestido carmesim,
          E resgatar do amor a lembrança,
        *

III
Sempre paro para olhar
Quando passo por essa janela,
Mesmo que a chuva venha molhar
Nem vejo nada, só ela...
        *
Mas hoje meu coração quebrou
Quando a Fada parou de dançar,
Pois veio outro e a beijou,
Devia ser seu amado, que parecia amar...
        *
Não como o sapo, que sempre a amou
Mesmo sabendo que ela nunca me amaria,
Pois nunca me enxergou;
         Era apenas o sapo que a bela nunca beijaria
        *

IV
E continuei todos os dias a olhar,
O Ballet da Fada observar;
Sabendo que o amar era o sonhar
Até os dias da minha vida acabar,
        *
Mas o Ballet da Fada... iria continuar...


Wagner Correia
13 de maio de 2000

sábado, 17 de dezembro de 2011

A mulher dona dos pensamentos e sonhos

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Em meus sonhos imagino vitória,
Em minha mente a planejo;
Nos meus sonhos não existe discórdia,
No meu pensamento desejo;
Nas minhas ilusões contemplo,
Na vida eu tento.
*
Minha mente está perturbada,
Meu coração está contemplando;
Minha cabeça não pensa em mais nada,
Meu amor está aguardando;
Na minha mente uma mulher é visualizada,
No que faz minha razão ser banalizada.
*
A quem devo tudo isso
Na mulher almejada!
Amor e Ódio são distorcidos
Na mente apaixonada;
Os pensamentos estão confundidos,
Por uma mulher privilegiada.
*
Ó redentora dos pensamentos e sonhos!
A ti é a quem suplico,
Meu coração já não liga aos outros,
Tu és a única a quem ligo;
Óh dei-me paz aos meus pensamentos,
E responda ao amor não correspondido.


Wagner Correia
13 de março de 2000