sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Chuva Seca

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Ando sozinho vago pela terra,
Nada conforta meu coração
Nem mesmo minha quimera;
Nesse devaneio sem fim,
Nesse escárnio da vida em mim,
Nada conforta a imensidão;
Alimenta-se de forma sutil,
Do meu sonho infantil.
        *
Amor imortal que mata o meu ser,
Saia de mim, deixe-me viver!
Mesmo que venha a sofrer...
...só quero andar sem parar,
...Sem rumo, sem lugar ou fim.
        *
Destino, guia-me e indica-me
O caminho do qual seguir,
E dizei-me o seguinte porvir
Do que fazerdes no fim;
Nessa caminhada de ilusões,
Nesse comboio de desilusões,
Na cruzada no abismo de vastidão,
Imensidão, precipício de sonhos.
        *
Na ponta do precipício estou a olhar,
Nos sonhos estou a me jogar;
Nesta última esperança intrínseca,
Inerente ao meu infeliz sonhar;
Nessa chuva fria e seca,
Que faz o horto de sonhos regar.
        *
Essas linhas não dizem nada,
Esse fraseado ilusório não representa nada,
Este sonho por esta busca,
Essa Deusa que me persegue
Nos meus sonhos de noite,
Não diz nada só está à atormentar.
        *
Parem! Eu vos imploro, deixe-me viver sem isso;
Se é que isto é viver...
Apenas me deixem em paz!
O que querem dizer através de sonhos?
Em ilusões belas ou pesadelos enfadonhos?
Até em meu lar vêem à assombrar;
Deixem-me só, como nasci, como vivi,
Como sofri, como senti em mim...
Se é que isto é querer...
                *
Na linhagem que termina,
Nesse ódio que fulmina,
Nessa tempestade de chuva seca;
Chuva de agulhas em meu peito,
Desafiando o meu preito
E que a minha única defesa
Tenho as palavras por escrever,
Onde exponho o que sinto,
E ninguém entende!
Só comenta e não compreende.

Wagner Correia
23 de abril de 2001

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