quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Vôo do Dragão

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Parte I
Introdução
*
O vento glacial sopra do céu
No âmago da minha paixão,
Pairado como um hermético véu
Que em anátemas expulsam o coração;
O Exórdio do canto enfático,
A mimese infinda, de tocá-la,
O rosnar ao céu apático,
O querer inda, de beijá-la.
*
O Dragão alado, voa solitário
Na metamorfose da alma,
Planado nesse fadário
Até a simbiose da amálgama;
Onde ao longe, ergue bruma leve
Ao leste ermo, deserto breve,
Pressentido algo, ante o fim;
Deuses nas muralhas de marfim?
*
Voarei até as muralhas de marfim,
Para ao menos encontrá-los
Nesse deserto ermo, sem fim,
Para ainda indagá-los,
Do porque da minha amada,
O tempo tarda a encontrá-la?
Já estando ante o nada,
Na bruma, longe de alcançá-la.
*
Passando onde não estava,
Ao chegar já não esperava,
Apenas na neve, suas pegadas,
Logo, por brisa leve, apagadas;
De súbito se fez à simbiose,
O Dragão voando na metamorfose,
Mas para a mutação completar,
Preciso ao menos, uma vez, te tocar.
*
Ah! este hermético véu me sufoca,
O Clangôr distante me invoca;
As narinas ardem de furor
Expelindo fogo neste tussor;
Vôo atroz como uma seta,
Do belo arco e bom arqueiro,
Que nunca falhou sua meta,
Atirada do antigo outeiro.
*
Ah! Este sangue aflora carmesim,
E como um raio, atravesso o marfim,
Destruindo as muralhas do Nada,
Abrindo uma fenda para a amada;
É uma questão de tempo,
Devo permanecer atento;
E a pedra que me falta ter,
Na fenda do Nada, irá preencher.

 

Wagner Correia
01 de setembro de 2001

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