sábado, 7 de janeiro de 2012

De cima de um prédio

man with rose1 
Observo até o limite da visão,
...em cima de um prédio, no topo...

Entre meus dedos tenho uma rosa,
vermelha, rubra da cor do meu sangue,
que escorre por entre os dedos.
Um espinho furou-me,
e transpassou-me,
dói muito, mas não por fora,
o corte é pequeno não aparenta nada,
súbito sobe-me uma raiva,
induz-me a jogar a rosa,

...de cima do prédio, no topo...

Quase não há vento,
então posso observar atento,
a rosa a cair,

...de cima do prédio, do topo...

Uma gota de sangue a cair,
junto a rosa quando a jogo,
o sangue a cair,

...de cima do prédio, do topo...

a rosa a cair,
em um devaneio sem fim.
o sangue a cair, a rosa cair,
minha vida a Cair, a Dor a emergir,
observo a rosa cair,
cada vez mais longe,
distante, e o sangue escorre.
Ainda a vejo cair,
sem ao meu olhar fugir,

...de cima do prédio, de um topo...

existem pessoas abaixo,
em direção a elas,
...a rosa a cair,
no mesmo tempo em que
meu coração bate,
a rosa por fim cai,
e alguém assiste de longe,
a queda da rosa,

...de cima do prédio, do topo...

uma dama pega a rosa,
sente seu perfume inebriante,
e olha para cima,

...para cima o prédio, o topo...

ao longe me olha,
em um gesto, convida-me a devolver
a rosa que caiu,
ainda posso ver mesmo ao longe,
a rosa e a mulher,
e rutilantes raios de luzes entre ambas,
a rosa que caiu e a dama que sorriu,
desenhando em mim o amor inda,
permanecido pela esperança ainda.
Talvez pegue a rosa de volta,
talvez a cheire novamente,
mas meu sangue escorreu,
caiu e ninguém percebeu,
esvaiu-se no ar.
Precisa sacrificar,
derramar sangue,
para anular este fadário.
Irei, para a rosa pegar,
a rosa que caiu,

...de cima de um prédio, do topo...

e convidar a dama,
de um gesto tão generoso,
a comigo apreciar,
o horizonte até o limite da visão,
e talvez me animar,

...de cima de um prédio, no topo...

e ter em minhas mãos,
a rosa,
e também entre minhas mãos,
outra mão,
de pele lisa igual à seda
e ali ficar,
observar,
e a solidão
a jogar,

...de cima de um prédio, do topo...

para onde ninguém possa alcançar.

Wagner Correia
7 de fevereiro de 2001

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