segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

O Porto de Naus em mim

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Em um porto de Naus velhas,
parado estou a olhar,
um mar cheio de brumas
e um porto velho,
a solidão e o belo,
em minha mente aterrisadas...
        *
Olho como um passado,
uma Nau com um elo,
um pensamento no ar pairado,
um passado singelo,
sombras distantes,
sonhos conflitantes,
em desilusões infrigidas...
        *
Sou como uma destas naus,
velhas, sujas e amaldiçoadas,
cheias de calhaus,
mas outrora abençoadas,
velozes e privilegiadas,
fortes e potentes,
sem serem indulgentes
em brisas induzidas...
        *
Hoje não estão mais,
abandonadas em seus canais,
estão a envelhecer,
pela dor até o morrer,
foi-se toda a tripulação,
dissipada pela solidão,
em brumas doloridas...
        *
Esta Nau apenas precisa,
o que todo homem necessita:
Mastro e vela,
uma Deusa bela,
ornada na proa
para que ele emproa,
em jornadas seduzidas...
        *
Assim ventos soprarão,
velas ao mar,
impulsionando na imensidão
Nau a navegar,
e o destino a cultivar,
a jornada do capitão.
em aventuras como brisas...
        *
Passada a bruma,
prurido que se esvai,
logo o mar perfuma,
então esbravejai,
na proa esta a Deusa,
talhada como minha musa,
em madeiras lapidadas...
        *
Navegarei os sete mares,
sem temer as tempestades,
pois em minha proa tem,
aquilo que o mal retém,
o busto da Deusa,
talhada em sua beleza,
em ondas ornamentadas...
        *
As ondas a beijam,
como suave disfarce,
pensamentos a desejam,
sentir esta face,
como suave fantasia,
desfazendo a apostasia,
em anátemas esquecidas...
        *
Em endechas não navegarei,
Apenas trovas escreverei,
para esta terra encontrar,
nos confins do além-mar,
na infinita escuridão,
encontrar-me na imensidão,
em verdades incriadas...

Wagner Correia
9 de Janeiro de 2012

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