quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Chuva

rain

Chove...
Na minha mente confinada pela abulia,
Chove...
Em meu sonho infantil de fantasia,
Chove...
Na apostasia inerte na razão,
Chove...
Na busca de algo para o coração,
Chove...
Nas minhas poesias de quinta categoria,
Chove...
Na vida inerente a dor com histeria,
Chove...
No âmago do meu eu,
Chove...
Naquilo que se perdeu;
*
Uma chuva imunda,
Uma chuva desnuda,
De água infecta pelo mau agouro,
De cima do prédio no topo
*
Ainda chove...
Ainda move...
Ainda promove...
*
Minha pútrida esperança,
Nojenta e sem temperança,
De que isso acabe,
De que isso exale
O cheiro do perfume inefável
Do meu descanso infindável;
*
Solidão duradoura transitória,
Podridão acolhedora aleatória,
Infelicidade notória,
O dilúvio da vitória;
*
O corvo que voa sem destino,
O corpo que ecoa sem sentido
Na caverna da solidão
O corpo a prisão,
A alma a imensidão,
O corvo que disse nunca mais
Do porto das brumas casuais
Das almas expurgadas
De suas esperanças apagadas,
*
Mas ainda chove...
Na minha alma chove...
E minha dor sobe...
Para onde as preces servem
De punição aos que não merecem;
*
Chove...
Caminho na chuva,
Chove...
Ilumina a bruma,
Chove...
Oh dor profunda!
Chove...
Cesse! Por favor, dilúvio!
Chove...
Ah! Sou o corvo,
Chove...
Sem meu corpo,
Chove...
Que disse nunca mais,
Chove...
Quando poderei amar?
Chove...
Dizia: “Nunca mais”!
Chove...
Preciso ao menos comer,
Chove...
Para sobreviver,
Chove...
Comida podre não quero mais,
Chove...
Nunca mais,
Chove...
Estou afogando,
Chove...
A vida esta passando,
Chove...
Minha dor aumentando,
Chove...
Desista!
Chove...
Deuses acabem com isso,
Chove...
Estou cansado disso,
Chove...
Abulia que me guia,
Chove...
E me faz cantar a elegia;
*
Mas chove...
E tu choves...
E choverás...
E tu morrerás...
Chove...
Tu Choves...
Morre...
Tu Morres!
Não chove mais!
Pois morte aqui trás
De um sonhador barato,
Que aqui jaz...

 

Wagner Correia
23 de Novembro de 200

Nenhum comentário:

Postar um comentário