Chove...
Na minha mente confinada pela abulia,
Chove...
Em meu sonho infantil de fantasia,
Chove...
Na apostasia inerte na razão,
Chove...
Na busca de algo para o coração,
Chove...
Nas minhas poesias de quinta categoria,
Chove...
Na vida inerente a dor com histeria,
Chove...
No âmago do meu eu,
Chove...
Naquilo que se perdeu;
*
Uma chuva imunda,
Uma chuva desnuda,
De água infecta pelo mau agouro,
De cima do prédio no topo
*
Ainda chove...
Ainda move...
Ainda promove...
*
Minha pútrida esperança,
Nojenta e sem temperança,
De que isso acabe,
De que isso exale
O cheiro do perfume inefável
Do meu descanso infindável;
*
Solidão duradoura transitória,
Podridão acolhedora aleatória,
Infelicidade notória,
O dilúvio da vitória;
*
O corvo que voa sem destino,
O corpo que ecoa sem sentido
Na caverna da solidão
O corpo a prisão,
A alma a imensidão,
O corvo que disse nunca mais
Do porto das brumas casuais
Das almas expurgadas
De suas esperanças apagadas,
*
Mas ainda chove...
Na minha alma chove...
E minha dor sobe...
Para onde as preces servem
De punição aos que não merecem;
*
Chove...
Caminho na chuva,
Chove...
Ilumina a bruma,
Chove...
Oh dor profunda!
Chove...
Cesse! Por favor, dilúvio!
Chove...
Ah! Sou o corvo,
Chove...
Sem meu corpo,
Chove...
Que disse nunca mais,
Chove...
Quando poderei amar?
Chove...
Dizia: “Nunca mais”!
Chove...
Preciso ao menos comer,
Chove...
Para sobreviver,
Chove...
Comida podre não quero mais,
Chove...
Nunca mais,
Chove...
Estou afogando,
Chove...
A vida esta passando,
Chove...
Minha dor aumentando,
Chove...
Desista!
Chove...
Deuses acabem com isso,
Chove...
Estou cansado disso,
Chove...
Abulia que me guia,
Chove...
E me faz cantar a elegia;
*
Mas chove...
E tu choves...
E choverás...
E tu morrerás...
Chove...
Tu Choves...
Morre...
Tu Morres!
Não chove mais!
Pois morte aqui trás
De um sonhador barato,
Que aqui jaz...
Wagner Correia
23 de Novembro de 200
Nenhum comentário:
Postar um comentário